quinta-feira, 30 de junho de 2016

Lua em câncer

Cortei os impulsos pra me livrar do ciúme
Sabia que era suicídio
Mas quando o vi fora do corpo era tarde demais
Não era ciúmes
Era obsessão


-set.15-

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Sobre minha bronquite

Respirar é luxo pra quem tem pulmões doentes
De tanta arte guardada, empoeirada, sobram os suspiros
Das bronquites agudas, ócios criativos
Mas vez ou outra

E s p a ç a d a m e n t e

(me) Inspiro sem perceber
E (me) expiro artista


-Mai.2016-

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Há-temporal

Sempre fui atemporal
Portanto, impalpável
Intocável
Destrutível

O tempo me soa fictício
Por vezes me toma de boba, me engana, vai embora
Mas furioso, destrói as paredes da casa
Tão lentamente
Que me paralisa em desespero

Me olho no espelho e quanto tempo já passou?
Ele me tomou e eu nem vi
Quanto tempo já passou desde hoje de manhã?
Quanto de mim ele levou?

Por ora, busco um acordo
Afinal, preciso me encontrar em mim
Sem loucuras, sem temores
Mas se eu passar por aqui de novo, já não sou mais eu

-Dez.15-




quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Crochê

Sou feita de água
Mas meu ar é linha
Quando falho, desfia
Quando medo, dá nó

Sobretudo, me permito trans-bordar de amor.

-Nov.15-

sábado, 31 de outubro de 2015

Terreno infértil

Aqui nessa casa todo mundo é triste
Todo mundo é tédio
Todo dia é nada
Toda dor é causa
Da incompatibilidade do mundo

As portas são fechadas
Pra não estourar as bolhas
E eles ainda vão morrer sufocados
Vão virar jarros e estofados
Vão deixar de ser
Pra morrer de tempo.


-Out.15-

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Das coisas que você devia ter me escrito

Pra que toda essa raiva, menina?
Seu amor está seguro comigo
O segredo é nosso
Ninguém prova da nossa delícia
Então feche os olhos e respire fundo
E vá cuidar de si
Que o tempo passa a seu favor
Eu sou minha
Você é sua
E só assim somos nós.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

O momento presente é inevitável

No final, o homem morre e a moça chora
Mas não posso começar a ler um livro
Senão pelo começo
Jamais pelo final
Afinal, o gozo custa o esforço
E quanto mais bem provocado, mais suado, mais gostoso


-Set.15-