quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Te tenho

Te tenho tanto!
Não sempre, mas tanto
E em muitas palavras
E poucos carinhos
-Não porque quero
sabe que'u inverteria, se pudesse-
Te dou todos os meus
Todos os seus
Queridos
Passarinhos.


-Setembro.2010-

sábado, 6 de novembro de 2010

Terça-feira de carnaval


Abri as janelas, as cortinas
Os bules de chá e as gavetas
E sentei no pé da cama com os dedos tocando o céu
E marquei o tempo
Eu já contei demais

Ensaiei o carnaval
Eu sei de cór as vezes
São de outros carnavais

Abri os braços fingindo ser um gigante
E quis que as formigas fossem minhas anãs
E quis que o mundo todo fosse meu anão

Um vento frio me enganou e entrou pela janela
Não era quem eu esperava
Talvez viesse de muito longe
E ele me fez anã, se fez gigante

Dançávamos agora eu e o vento frio forasteiro
E a cena foi exatamente
Como eu havia ensaiado
Como eu havia imaginado

Só não entendo esse sorriso.

Crise de que?

Quis cavar até chegar ao meu coração cansado para, com os dentes, arrancá-lo de lá, mas só o que eu arranquei foi um pouco de sangue escuro. A dor já não me era mais suportável e o sangue derramou as palavras que a boca custava a gritar.

Arrepiei-me de medo.

Tem dó

Caíram sobre mim as águas que deságuam o silêncio e inundam as palavras. Eu, que não me incomodo com o silêncio, me encontro profundamente perturbada com tal situação que não me parece feliz. Aliás, longe disso! Deságuam também em poças rasas, as lembranças do futuro. Do nosso futuro. Futuro que agora me parece pretérito perfeito do nosso plural. Futuro que no fundo, por mais que fosse nítido, não nos parecia alcançável. Vontade é o que não falta. Não faltava. Se algo não for feito, faltará. Culpa ninguém tem, mas acho válido um bom álibi para uma causa mais digna. Algo que possa ser chamado de Amor.