segunda-feira, 19 de abril de 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A morte sanguinária e melancólica

Estava careca e seu coro fora arrancado fora por suas enormes unhas roídas e quebradas. O fedor do sangue escorria tanto quanto ele próprio para todo o seu corpo. Sentada no chão, ela olhava fixamente para mim com seus olhos inundados de lágrimas, lembranças e descrenças. Lábios ressecados e rachados gargalhavam uma risada muda e de canto de boca, cínica. Tinha as mãos nos joelhos e cantarolava uma música irritante com os seus lábios petrificados que me irritava os ouvidos.
Tapei as orelhas para abafar o som podre. Ela colocou as mãos nos ouvidos caçoando de mim. Rangi os dentes com raiva, muita raiva. Ela me imitou com puro sarcasmo. Cada movimento meu era copiado por aquela cretina. O ódio me consumia. Aquele cadáver vivo maldito estava fazendo graça comigo e eu não estava ali pra aguentar isso. Cocei a cabeça e ela fez o mesmo, incrédula de qualquer perigo. Corri em direção a ela com vontade de matá-la. Com um soco certeiro, despedacei o espelho que estava na minha frente e acabei de vez com toda a lucidez do meu desespero.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Tortura Final

Com os dentes sujos de palavras, eu fechava os olhos para não invadirem a minha mente. Aquele foi o último momento e o mais crucial de todos. Eu sabia que nada que eu fizesse ou dissesse ia mudar isso, então preferi ficar calada, sentindo. Em um momento de silêncio ensurdecedor, gotas de sangue transparente queriam fugir dos meus olhos apertados. O meu pulso estava gelado e perdia a pulsação. Cada mísera palavra que era dita tanto por ela quanto por mim, feria como um dedo cortado com o papel, mas ainda sim era melhor que o silêncio surdo. Eu ia cair. Para a minha sorte, uma sombra preta sentou ao seu lado, interrompendo a tensão no ar. Eu não sabia o que era e nem o que queria, mas aliviou a dor do papel. Era a minha única chance de catar algum oxigênio para que eu sobrevivesse pelo menos por enquanto. Minutos depois (horas pra mim) a sombra se foi e o momento torturante e dilacerador voltou, então todo o ar que eu tinha encontrado, foi embora em uma fração de segundos e eu voltei a sangrar, ou melhor, chorar. A minha tortura final foi ficar sentada ao lado dela, sentindo o seu cheiro e procurando no fundo do estômago as palavras certas para dizer o quanto eu a odiava.