quarta-feira, 7 de abril de 2010

Tortura Final

Com os dentes sujos de palavras, eu fechava os olhos para não invadirem a minha mente. Aquele foi o último momento e o mais crucial de todos. Eu sabia que nada que eu fizesse ou dissesse ia mudar isso, então preferi ficar calada, sentindo. Em um momento de silêncio ensurdecedor, gotas de sangue transparente queriam fugir dos meus olhos apertados. O meu pulso estava gelado e perdia a pulsação. Cada mísera palavra que era dita tanto por ela quanto por mim, feria como um dedo cortado com o papel, mas ainda sim era melhor que o silêncio surdo. Eu ia cair. Para a minha sorte, uma sombra preta sentou ao seu lado, interrompendo a tensão no ar. Eu não sabia o que era e nem o que queria, mas aliviou a dor do papel. Era a minha única chance de catar algum oxigênio para que eu sobrevivesse pelo menos por enquanto. Minutos depois (horas pra mim) a sombra se foi e o momento torturante e dilacerador voltou, então todo o ar que eu tinha encontrado, foi embora em uma fração de segundos e eu voltei a sangrar, ou melhor, chorar. A minha tortura final foi ficar sentada ao lado dela, sentindo o seu cheiro e procurando no fundo do estômago as palavras certas para dizer o quanto eu a odiava.

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