sexta-feira, 16 de abril de 2010

A morte sanguinária e melancólica

Estava careca e seu coro fora arrancado fora por suas enormes unhas roídas e quebradas. O fedor do sangue escorria tanto quanto ele próprio para todo o seu corpo. Sentada no chão, ela olhava fixamente para mim com seus olhos inundados de lágrimas, lembranças e descrenças. Lábios ressecados e rachados gargalhavam uma risada muda e de canto de boca, cínica. Tinha as mãos nos joelhos e cantarolava uma música irritante com os seus lábios petrificados que me irritava os ouvidos.
Tapei as orelhas para abafar o som podre. Ela colocou as mãos nos ouvidos caçoando de mim. Rangi os dentes com raiva, muita raiva. Ela me imitou com puro sarcasmo. Cada movimento meu era copiado por aquela cretina. O ódio me consumia. Aquele cadáver vivo maldito estava fazendo graça comigo e eu não estava ali pra aguentar isso. Cocei a cabeça e ela fez o mesmo, incrédula de qualquer perigo. Corri em direção a ela com vontade de matá-la. Com um soco certeiro, despedacei o espelho que estava na minha frente e acabei de vez com toda a lucidez do meu desespero.

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