terça-feira, 19 de julho de 2011

Música 16

O vento frio que soprava do norte na minha pele, gelava minha nuca descoberta. O mesmo vento frio invadia cada minúsculo poro do meu corpo, trazendo calafrios intermináveis e pontadas fortíssimas no pé da barriga. Cada vez mais intensa, a brisa me machucava e parecia querer me arrastar com ela pra um caminho sem direção que só me levaria até a mais profunda tristeza que me esperava no fim da linha.
Sobretudo, eu permanecia sentada no mesmo muro -ainda molhado com resquícios da última chuva- com os braços cruzados e batendo os lábios roxos de frio, á espera de um café amargo ou um beijo quente que me acolhesse. Mas o vendaval insistia e conseguiu me arrancar alguma lágrimas dos olhos secos e cheios de melancolia.
Sem querer demonstrar sofrimento, sequei o rosto com a manga da camisa com rapidez pra passar despercebida aos olhos do casal feliz que dançava descontraidamente ao meu redor. Na verdade, essa cena só aumentava a intensidade do vento e a nuvem de chuva sobre a minha cabeça.
Mas eu já deveria ter me acostumado. Até sabe-se lá quando, eu terei que sentar nas gotas de chuva sozinha e olhar os casais dançaram nos raios de sol felizes e amados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário