sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O segundo ato da Orquestra

Como quem cuidava de uma um cofre lacrado, a senhora fazia questão de passar os olhos de relance, como quem não quer nada, sobre a filha e sua namorada, sentadas a um dou dois assentos depois do seu. Aposto que, assim como sua filha que ensurdeceu depois que sua amada chegou, a mãe também não deu mais atenção á orquestra que tocava maravilhosamente mal á sua frente e se dispôs a cuidar de seu bem mais precioso, que agora estava sobre os beijos e cuidados de alguém que não conhecia, não confiava, mas que teria que se aproximar querendo ou não.
O casal completamente apaixonado se limitava a entrelaçar os dedos uns nos outros ou nos cabelos por respeito aos familiares ali presentes. No máximo, quando percebiam que ninguém as observava, estalavam um beijinho curto, mas que transmitia todo o amor que sentiam uma pela outra. E elas cochichavam no cangote com a desculpa de não atrapalhar a platéia que assistia ansiosamente – não sei se a orquestra ou a elas– mas na verdade, só queriam se dar arrepios.
E foi assim até a platéia inteira se levantar e aplaudir de pé o show que se encerrava com um beijo fino de despedida e um até logo, meu amor.

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