sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A orquestra


Harmoniosamente, os instrumentos de corda, de sopro, de corda de novo e os teclados se organizavam sobre o palco. Mais harmonioso ainda, era o rosto de cada um daqueles músicos que, de varias partes do mundo, se juntaram em um só salão para exalar a musica inovadora que conheciam. É certo que não se encontravam uns nos instrumentos dos outros, como deveriam. Na orquestra, cada unidade tocava separadamente, curtindo sua próprio transe, seu próprio instrumento e sua própria viagem. Não me agradava os ouvidos aquela desarmonia, apesar dos olhos estarem bem confortáveis vendo eles se moverem, como quem dança com o violino, o sax, o baixo, a harpa, o violoncelo. Mas quando se encontravam em um só ritmo, as paredes, as bandeiras, os pés da platéia, as luzes que os iluminavam e todo o bairro dançavam juntos num mesmo ritmo, até se perderem novamente e desagradarem meus ouvidos. E nesse transe de se perder, se encontrar, se perder, se encontrar, a cadeira vazia ao meu lado me deixava insanamente ansiosa. Me chamava mais atenção que a própria orquestra, inclusive. Até que, me virando pra trás, eu corro os olhos por todo o salão. Ali estava.

A partir daquele momento em que eu a vi, meus ouvidos ensurdeceram por completo e a única coisa que eu ouvia era a sua voz.

Um comentário:

  1. http://www.youtube.com/watch?v=0SEOF5qPICo

    Leiam esse texto ouvindo a essa musica, o final do texto com o final da musica, uma sintonia perfeita, me fez chorar. Rana ta inspirada...

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